Plantas deixando de ser carnivoras

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Paulo
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Plantas deixando de ser carnivoras

Mensagem por Paulo »

Pessoal,


Achei isso aqui https://www.megacurioso.com.br/plantas- ... ianas-.htm" onclick="window.open(this.href);return false; que primeiro achei uma piada pelo título.

Mas o texto faz sentido, como as plantas se adaptaram para procurar nitrogênio de uma forma que as transformaram em carnívoras. O contrário pode acontecer se o nitrogênio for fornecido de outras formas.


Paulo


Eu sou eu, foi meu pai que me fez assim, quem quiser que me faça outro se achar que estou ruim.
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WFERnando
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Mensagem por WFERnando »

Eu tinha lido essa matéria. E não acho que elas deixem de ser carnívoras "assim". Elas só estão consumindo menos insetos do que deveriam, como a própria matéria diz. Mas acho que ao longo de milhares de anos possa ocorrer sim alguma mutação e algumas deixem de ser carnívoras, assim como outras irão se tornar. Sei lá, complexo isso.

Só sei que aqui em casa elas consomem mais insetos do que deveriam, com certeza kk


E se existe algum tipo de Deus, você acha que ele está satisfeito?
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Paulo
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Mensagem por Paulo »

Fernando,


Todos os seres vivos se adaptam e isso pode levar centenas, milhares ou milhões de anos. Se não se adaptarem morrem.
Isso está dentro da teoria de Darwin na evolução das espécies.

Dá mesma forma que o homem já acabou com diversas espécies ou variedades de plantas ele também criou muitas outras. Um exemplo disso é o milho que no inicio nada mais era do que um capim alto.

Abraço,

Paulo


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Mensagem por rdrgobra »

Informação interessante Paulo, mas este fenômeno nem sempre esta relacionado com a atividade humana. Um exemplo disso e o caso da N. ampullaria que apesar de ser capaz de digerir insetos, especializou-se em absorver os nutrientes advindos de fezes de pequenos mamíferos e aves que caem em seus ascídios.

Um outro caso ocorre com a U. purpurea, nativa da América do Norte e Central, que ainda é capaz de capturar e digerir presas em seus utrículos, mas prefere em primeiro plano estabelecer uma relação de comensalismo com alguns seres que habitam o entorno de suas armadilhas (protozoários, bactérias, micro-larvas de mosquito etc) que, em troca de um ambiente seguro, proporcionam a planta os nutrientes necessários a sua sobrevivência.

Os motivos que estão levando estas plantas a abandonar a carnivoria são incertos, mas especula-se que seja uma adaptação natural tendo em visto a sobrevivência delas aos novos tempos.

Abs,

Rodrigo F. Costa


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gasagarcia
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Mensagem por gasagarcia »

Eu já tinha falado sobre isso em uma resposta de alguma mensagem já faz algum tempo, nem lembro mais a ocasião...
Vi isso a primeira vez em uma revista, achei meio estranho e procurei mais informações, então encontrei esse site aí...


Abçs
Gabriel
_____
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ivan
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Mensagem por ivan »

Mas nesse estudo eles só visualizaram um fenômeno que demonstra a plasticidade da fisiologia da planta, que pode priorizar o modo de obtenção do nitrogênio conforme o ambiente. Isso já é percebido pelos cultivadores que são atentos.

A matéria em português é um resumão que deixa muitas dúvidas, se alguém teve curiosidade para ver a fonte da reportagem que está em inglês tudo fica esclarecido > https://www.chem.info/News/2012/06/Pollution-makes-carnivorous-plants-go-vegetarian/

Esse estudo mostrou que em áreas poluídas ocorre uma deposição maior de nitrogênio no solo, pela água da chuva, e assim a planta absorve maior quantidade desse elemento pelas raízes. Nesse cenário a resposta da planta é produzir armadilhas menos eficientes, menos atrativas e assim com taxas menores de captura, consequentemente menos nitrogênio recebido da digestão das presas. É uma forma de evitar o gasto energético na formação das armadilhas, afinal, quando ela sintetiza uma substância pegajosa e cores atrativas está gastando substâncias valiosas pra isso.
No caso analisado eles viram o comportamento de dróseras, que produzem menos líquido pegajoso e mudaram as cores, de vermelho para verde.

Se você superalimentar uma Dionaea vai ter a mesma resposta. O ganho de nitrogênio é tanto que as armadilhas novas são produzidas sem a coloração vermelha e com armadilhas menores, priorizando a função "original" da folha: fotossíntese.
Mas essa capacidade de alternância já é uma característica selecionada pela natureza, pois à medida que a planta faz isso ela aumenta a competitividade de espaço com as plantas vizinhas, não carnívoras. Podemos enxergar isso como uma carta na manga.

Dizer que estão deixando de ser carnívoras é só exagero pra chamar atenção do leitor, ainda mais com um erro crasso chamando-as de "vegetarianas". Quem escreveu isso não sabe nada de cadeia alimentar, como você disse Paulo, é uma piada. Outro erro da matéria em português foi dizer que elas conseguem o nutriente do ar. Se o nitrogênio não estiver na forma de nitrato diluído em meio líquido em contato com as folhas ou no solo ela não absorverá nem um átomo dele.

Pra deixarem de ser carnívoras levaria algum tempo, nem precisa ser milhões de anos se for feita seleção artificial pelo homem, mas só depois de várias gerações sendo selecionadas nesse ambiente até que surgisse uma planta mutante que, por ventura, perdesse a capacidade natural de produzir uma armadilha eficiente e dessa planta se formasse uma população. Porque a evolução se dá em nível populacional. Se apenas uma planta assim surgir não significa que a espécie evoluiu, ela precisa passar essa capacidade para os descendentes e isso deve configurar uma adaptação nova, estabelecida.
Editado pela última vez por ivan em 04 Fev 2013, 16:28, em um total de 1 vez.


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rdrgobra
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Mensagem por rdrgobra »

Nada como um biólogo para nos ajudar nestas horas, valeu pelo esclarecimento Ivan.

Abs,

Rodrigo F. Costa


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Mensagem por WFERnando »

Interessante Ivan, então seria mais ou menos assim:
Se por exemplo utilizarmos uma I.lutea que cresce em solos ricos em nutrientes, e expormos ela a um solo pobre em nutrientes, pode ser que ao longo das gerações ela desenvolva alguma maneira para tentar compensar essa ausência dos nutrientes, como por exemplo se aproveitar das presas acidentais?
Viajem né? kk


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ivan
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Mensagem por ivan »

por nada Rodrigo... Ah, na reportagem em inglês também chamaram de vegetarianas, tsc tsc

Fernando, tudo é possível mas não podemos prever. Essa espécie protocarnívora Ibicella lutea não sintetiza enzimas pra digerir os insetos aprisionados e então nem podemos considerá-los como presas acidentais.
Assim, ela também não tem a capacidade que as carnívoras verdadeiras têm de alternar entre os mecanismos de absorção do nitrogênio. Se ela cresce em solo rico então nem sofre uma pressão seletiva forte do ambiente pra existir essa característica.
Então qual a vantagem em aprisionar os insetos se ela não assimila nada deles?
Talvez seja apenas proteção contra herbivoria, pra não ser consumida pelas pragas.

A evolução não é dirigida e não podemos simular/prever com exatidão um evento que consideramos ocorrer ao acaso.
Se uma característica surge naturalmente por mutação e dá algum benefício para o indivíduo ela é mantida, tornando-se uma adaptação para aquele ambiente e/ou comportamento. Tratando-se de animais o próprio comportamento é uma adaptação.

Uma coisa que o homem faz é selecionar características em plantas e animais que, se estivessem na natureza, seriam eliminadas pelo ambiente.
Por exemplo, qual Dionaea é mais eficiente na captura das presas, a típica com encaixe perfeito da armadilha ou as aberrações que aparecem no cultivo doméstico? Voltando ao assunto, de maneira geral as plantas conseguem absorver alguns nutrientes pelas folhas e para se aproveitar dos insetos a Ibicella teria que estabelecer uma adaptação nova, no mínimo como a da Roridula que absorve dos excrementos daquele inseto Pameridea numa interação mutualística, que não deixa de ser adaptação. Ou por etapas, desenvolver células especializadas em glândulas secretoras de enzimas que permitam à planta digerir e depois absorver pela folha o corpo decomposto do inseto aprisionado, mais complexo e envolve mutações que são ao acaso.

É mais provável que a carnivoria tenha surgido por essa sucessão de adaptações e com isso encontramos espécies em estágios desse processo.
Pela filogenia da Ibicella analisamos onde ela se encaixa mas não podemos dizer que ela continua no caminho pra se tornar carnívora, ela pode regredir e perder a adaptação, ou ainda ser extinta antes disso, depende da interação com o ambiente.
Se cultivá-la em solo pobre ela provavelmente crescerá menos e/ou produzirá menos resina e isso se torna desvantajoso; Assim poderá não deixar descendentes numa taxa sustentável e, sendo consumida por herbívoros, aniquilada. São várias possibilidades..
Editado pela última vez por ivan em 15 Fev 2013, 15:21, em um total de 1 vez.


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WFERnando
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Mensagem por WFERnando »

Ah tá, nossa! Depois de uma explicação dessas fiquei sem palavras.
Poxa, legal. Não levava em consideração uma possível extinção! Nem cheguei a pensar nisso! Hehehehe


E se existe algum tipo de Deus, você acha que ele está satisfeito?
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