Oi gente.
Preciso atualizar vocês sobre todo o rebuliço que esse tópico gerou.
Como já disse há um tempo atrás, senta que lá vem a história (mais curta dessa vez!).
Acho que ao todo, apenas a partir das fotos que estão aqui, a listagem de Pcs conhecida para o Rio Grande do Norte quase que quadruplicou. Até onde me lembro, antes do primeiro post tinha umas 5 ou 6 espécies. Hoje, juntando todos os gêneros, passou de 25. Até onde me lembro, são 27!
Em 2015 ou 16 (data da última atualização, se não me engano) eu já pretendia escrever uma nota comentando todos esses novos registros e tudo mais, mas tava envolvido com outros trabalhos. Depois de um bom tempo tentando, percebi que não ia arranjar tempo e decidi guardar tudo isso na gaveta até aparecer uma oportunidade de sentar com calma e escrever. Acabou sendo uma ótima decisão. Ano passado, um aluno da UFPE que trabalha com Lentibulariaceae (pra quem não sabe, é a família de Utricularia, Genlisea e Pinguicula) encontrou esse tópico e veio conversar comigo. O tema do mestrado dele era uma revisão de todas as espécies que ocorrem no Nordeste, fazendo um apanhado do que mudou desde as publicações antigassas.
Pois bem, foi simplesmente unir o útil ao agradável! Entrei no trabalho com dados, várias novas ocorrências de espécies e um monte de notas na distribuição das prantinhas. O Felipe escarafunchou herbários de vários lugares do Brasil, fez uma síntese e escreveu quase todo o corpo do artigo. Só mexi uma coisinha ou outra aqui e alí e bingo! O trabalho foi submetido. O aceite veio poucos meses depois e hoje ele já está online. Link pra ele aqui:
https://link.springer.com/article/10.10 ... 018-0497-1
Quem quiser dar uma olhadinha nele, é o mais atual que temos sobre a distribuição das espécies da Família no Nordeste. No fim das contas, o Rio Grande do Norte, que tinha quase nenhuma espécie, passou a ser um centro de riqueza do grupo, com quantidade de espécies comparáveis a lugares como a Chapada Diamantina. Dá pra imaginar a alegria da criança quando saiu esse novo brinquedo?
Pois bem, ainda tinha umas pedras no sapato da gente na hora em que esse trabalho foi submetido. Pra começar, a Genlisea branca que aparece aqui no tópico a partir da página 4 ou 5 passou muuuito tempo não identificada. A gente tava acreditando que era até uma espécie nova. Isso até examinar com calma e ver que ela bate direitinho com a Genlisea oxycentron. Esse foi, por acaso, o primeiro palpite (aqui no tópico) há alguns anos atrás. A ideia tinha sido descartada porque os tricomas da haste floral da G. oxycentron do Pará são compridos, enquanto a do RN são minúsulos, quase inexistentes. Só que o resto é absurdamente igual. Infelizmente só vimos isso depois que o trabalho já tinha sido submetido, então ela não entrou nessa revisão.
Ainda tenho mais uma história pra contar aqui, mas vou esperar um pouco mais pra contar.
Esse é o principal desfecho do que começou neste tópico há quase 6 anos.
Não sei se vou continuar trazendo atualizações, até porque nem moro mais em Natal, mas queria dizer que foi muito bom enquanto durou. Cada página que olho é bem nostálgica. Dá uma vontade enorme de voltar a me enfiar em cada buraco que aparecer na beira da estrada. Quem sabe rola mais um post surpresa.