Show de tópico, show de discussão! Sempre em altíssimo nível! Saudades de vocês! =)
Apesar da correria de final de ano, misturada com mudança de casa e entrega de trabalho no mestrado, por aqui está tudo bem!
Espero que todos estejam bem por aí também!
O Marciel, um cultivador e amigo forense que respeito e admiro muito, foi direto num ponto importante quando se trabalha com larga escala, como no caso do plantascarnvivoras.com.br e de outros amigos produtores e comerciantes, pelo mundo todo. De fato, é inviável seguir este processo com uma grande quantidade de vasos.
Quero contribuir com alguns pontos que considero interessantes para a discussão, dividindo estes pontos em: experiência no cultivo e literatura, pois são coisas realmente diferentes em muitas situações.
Aqui trabalho com uma estrutura dividida em três viveiros: viveiro de vendas, viveiro das matrizes e berçário. Há uma subdivisão dentro destes sistemas para que seja possível criar os diversos gêneros de PC, mas, a divisão maior é essa mesmo.
A rotatividade ocorre no primeiro viveiro, que ocupa uma área bem maior do que os outros, e onde tenho as plantas que produzo e as que comercializo (revendo). Quando o estoque baixa, é reposto neste viveiro.
O berçário é auto-explicativo
O viveiro das matrizes é onde está a minha coleção pessoal e plantas que utilizo apenas para propagação (não estão a venda). Ali, por exemplo, há as primeiras Dionaeas que adquiri do Marcão (Ono), do Carlão (carnivorasonline), CZPlantz, Wesley (Orquistudio) e de fora do país. Há Dioanaeas que adquiri de um amigo cultivador, por exemplo, que estão com mais de 8 anos de vida, dos quais, 4/5 anos são comigo. Tenho Dionaeas que entram em dormência no inverno e outras que, há vários anos, entram em dormência apenas no verão, como é o caso de uma Low Giant que adquiri com o Carlos em 2011. Haja o que houver, essa planta (enorme, por sinal), sempre lança suas flores e entra em dormência em períodos diferentes das outras. Já as Sarracenias não passam por isso. Todas entram mais ou menos na mesma época, mas, algumas demoram mais para retomar o crescimento. Tenho Sarracenias bem antigas comigo também.
Nunca utilizei um processo de indução de dormência, nem mesmo em minhas matrizes, que passam por um inverno tímido em Brasília, com mínimas na casa dos 7 a 9 graus, uma vez ou outra no inverno.
Isso me intrigou e fez com que buscasse algumas respostas junto a colegas da Embrapa e outros produtores de PC fora do Brasil. Também quis avaliar as temperaturas em Wilmington ao longo da última década para verificar o comportamento do inverno, que realmente não apresenta um padrão tão rigoroso na quantidade de dias de frio quanto imaginei, ou seja, realmente faz frio, mas, não por tanto tempo quanto pensei que fizesse para manter a dormência das plantas.
Os reais motivos que levam à dormência, de fato, são divergentes, mas, o que percebi ao longo do tempo em que cultivo, e deixo claro que é uma percepção e não uma teoria, é que muitas pessoas acabam por achar que suas plantas morreram porque se debilitam no verão, mas, se esperarem alguns meses mantendo o cultivo, estas mesmas plantas se restabelecerão e crescerão novamente, exatamente o que ocorre no que conhecemos como a "dormência" do inverno. Aqueles colegas que consultei, em muitas ocasiões, disseram que este processo é genético, está no DNA das plantas e ocorrerá naturalmente, independente de onde elas estejam. Com relação à estação do ano, o inverno traz sinais muitos mais fortes do que o frio, como todos sabemos há milhares de anos, desde que a agricultura foi praticada pelo primeiro homem.
Muitos (realmente muitos) colegas cultivadores me relataram ao longo destes anos situações de perda de exemplares em razão da indução de dormência. Não quero aqui aconselhar ou desaconselhar. Creio que todos tenham total condição de decidir o que é melhor fazer com suas plantas, mas, particularmente, considero as condições de exposição na geladeira muito traumáticas para as plantas. A ausência total de luz, de constância no fotoperíodo, umidade do ar e outros fatores parece mais divergente das condições naturais do que a própria ausência de frio e, baseado na grande quantidade de plantas que vejo não suportarem este processo, optei por não submeter minhas matrizes a ele.
É uma discussão muito rica, que exigiria análises muito específicas e longos testes para chegarmos a uma conclusão. As teorias são elaboradas depois das experiências, então, quem sabe, a difusão do cultivo e a propagação deste hobby na escala que está acontecendo, com a participação de tantas pessoas interessadas e curiosas, certamente, ajudará a enriquecermos a literatura com nossas experiências e aprimorarmos, mais a cada dia, o cultivo de nossas belas e queridas PC!
Quero aproveitar para desejar um Feliz Natal, um excelente ano de 2015, muita saúde, paz, prosperidade e sucesso a vocês e a todos os seus!
Abraços!
Gino
MarcielS escreveu:Toda discussão é válida.
Produtores comerciantes, assim como o
Gino ou o
Ono não tem como induzir a dormência, pois a quantidade de plantas inviabiliza o procedimento. Não é possível comparar o tipo de cultivo.
Mas nenhum deles ficará com a planta por muitos anos. Na realidade, quanto mais rápido vende-las melhor para o investimento.
Um exemplo de cultivo ornamental que temos aqui mesmo no fórum é o cultivo da
Fátima.
Ela segue o manual e replica a dormência fria nas suas Dio. Vejam a qualidade das VFT dela.
Abç