A China possui cerca de 100 fazendas de baratas e novas criações surgem com a mesma rapidez de multiplicação das criaturas, segundo o jornal americano.
Mesmo entre os chineses, a indústria era desconhecida até agosto, quando um milhão de baratas fugiu de uma fazenda na província de Jiangsu. A grande fuga ganhou as manchetes dentro e fora do país, evocando imagens bíblicas como o enxame de gafanhotos.
Os custos para o empreendimento são mínimos. As baratas não são suscetíveis às mesmas doenças que outros animais de fazenda.
Para matá-las, basta tirá-las dos ninhos e jogá-las em um grande tanque de água fervente. Depois, elas são secas no sol.
Algumas empresas que usam os insetos não gostam de anunciar o "ingrediente secreto", para não assustar os consumidores. Quem iria querer usar um cosmético se soubesse que um dos ingredientes é uma barata?
"Mantemos uma discrição", afirmou Liu Yusheng, chefe da Indústria de Insetos Shandong. "O governo está tacitamente nos permitindo fazer o que fazemos, mas se houver muita atenção ou se as fazendas de baratas forem para áreas residenciais, podemos ter problemas", disse ele ao jornal americano.
A preocupação de Liu é com relação ao rápido crescimento de uma indústria com muitos competidores inexperientes e pouco fiscalizadas. Em 2007, um milhão de chineses perdeu US$ 1,2 bilhões quando uma firma que promovia cultivo de formigas se revelou como um esquema fraudulento e faliu.
"Isso aqui não é como criar animais normais ou plantar verduras, em que o Ministério de Agricultura sabe quem deve regular o negócio. Ninguém sabe quem é responsável aqui", disse.
Sucesso. O pequeno custo do empreendimento faz com que a criação de baratas seja um negócio interessante para os aspirantes a empresários, que podem comprar ovos de baratas.
"As pessoas riram de mim quando comecei, mas eu sempre pensei que as baratas que trariam riqueza", disse Zou Hui, 40, que largou o emprego em uma fábrica de malhas em 2008 após ver um programa de TV sobre a criação de baratas.
Não é exatamente o que podemos chamar de fortuna, mas os US$ 10 mil anuais que ela ganha vendendo baratas é um bom dinheiro para os padrões de sua cidade natal na província rural de Sichuan e lhe rendeu em 2012 um prêmio do governo local como uma "Expert em conseguir riqueza".
"Agora estou ensinando a quatro famílias. Eles querem ficar ricos como eu", disse Zou.
Saúde. Li Shunan, um professor de medicina tradicional de 78 anos que é considerado o pai das pesquisas com baratas, disse ao Los Angeles Times que nos anos 60 descobriu que minorias étnicas perto da fronteira com o Vietnã estavam usando uma pasta de barata para tratar turberculose.
"Baratas são sobreviventes", afirmou Li. "Queremos saber o que as faz tão fortes, porque elas conseguem resistir até mesmo aos efeitos nucleares."
Li apresenta uma impressionante lista de benefícios que as baratas podem trazer à saúde. "Eu perdi meu cabelo há alguns anos. Fiz um spray de baratas, apliquei em meu couro cabeludo e ele voltou a crescer. Usei uma mascara facial e as pessoas dizem que eu não envelheci ao longo dos anos. E as baratas também são umas delícias."
Nojo.
Muitos criadores esperam impulsionar a demanda promovendo os insetos como alimento animal e também como uma iguaria para os humanos.
Os chineses não têm tanto nojo em relação aos insetos como os ocidentais - lá as pessoas ainda guardam grilos como animais de estimação.
Em Jinan, Wang Fuming e sua mulher tocam juntos a fazenda e parecem genuinamente afeiçoados às suas baratas e até um pouco desapontados que outras pessoas não sintam o mesmo carinho.
"O que tem de nojento nelas?", perguntou Li Wanrong, mulher de Wang, enquanto uma barata corria em volta dos seus sapatos. "Olhe como são lindas. Tão brilhantes!"
No almoço, em um restaurante perto de sua fazenda, Wang colocou um prato de baratas fritas com sal, pegou seu hashi e começou a comer algumas. Diante da recusa de jornalistas visitantes à iguaria, ele os reprovou: "Vocês vão se arrepender a vida inteira por não experimentá-las".
