Uma historinha...

Para assuntos gerais que não se encaixam nos outros fóruns. Como histórias de como conseguiu um espéceme, sementes, encontros de membros, etc..
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MarcioGRocha
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Uma historinha...

Mensagem por MarcioGRocha »

Olá pessoal, passei pra descontrair um pouco...
Aqui vai uma historinha que um amigo fez pra mim e quero compartilhar com vocês, já pedi sua autorização!

Aqui está o link para quem quiser conferir o blog:
https://marcotorquato.blogspot.com.br/2 ... lanta.html" onclick="window.open(this.href);return false;

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...

____DOMINGO, 20 DE JANEIRO DE 2013

CADA MOSCA, UMA PLANTA
Ativam os sensores
a presa se espanta
... cada mosca, uma planta

Fuga impossível
agoniza a esperança
... cada mosca, uma planta

Nada se descarta
se cresce c'oa matança
... cada mosca uma planta
[img]http://3.bp.blogspot.com/-D1DPvIw6-hQ/U ... nivora.jpg[/img]

Cada planta uma cor (uma historinha...)


No outro lado da cidade Seu Eugênio, 58 anos, loucos por selos postais e tampas de refrigerante. Via em seu hobby o sentido de viver! Desde os 13 anos a colecionar tais objetos, se viu numa interminável obcessão pelo lançamento de um novo produto de uma velha marca que lhe enchiam os olhos de cor, vida e brilho.

Seu Eugênio chega ao absurdo de adquirir o refrigerante, retirar a tampa e jogar fora o conteúdo: uma gastrite impedia de comsumar o fato além da vista; não importava, mais uma tampinha à sua companhia.

Religiosamente, todos os dias, às 17 horas e quinze minutos, já de pijama e com a escova de dentes na boca, Seu Eugênio ia ao carteiro verificar supostas chegadas de novas correspondências. Incrivelmente, após três meses, chega de Burquina Fasso o que tanto esperava. Seu Eugênio não dominava o dialeto no qual fora escrito aquela carta, retira o selo e joga fora o conteúdo...

Até que, cerrto dia, ao notar abaixo de sua janela o volume de 45 anos de papel e líquido jogados fora, ao chão descartados, acumulara uma crosta de um odor indescritível que apenas as moscas se dariam ao luxo de sobrevoar, querer, intimar.

Seu Eugênio Balbino Pedrosa, presenciara o resultado de sua paixão, ignorava, portanto, toda aquela paisagem moscálica, tosca e detestável. Se voltara para seu interesse perpetuado por seu mais temível fim: não ter o selo, não conseguir a tampinha. Rótulos e etiquetas de uma catástrofe!

Proliferava então, do lado de fora da janela, um exército, um bando incontável de pegajosos insetos dípteros em todas as fases: ovo, larva, pupa e adulto!



Joana Flor, não pelo nome, mas pela tenra idade de 13 anos e uma paixão: cultivar plantas carnívoras e orquídeas. Às seis da manhã, desce a serra, anda sete quilômetros com uma muda numa mão, regador na outra e mais um ser no campo que cultivara com sua vó Efigênia, já falecida a 11 meses. Dona Efigênia dera a neta o doce olhar à natureza.

Não haviam brinquedos, bonecas ou parques que a roubasse sua atenção.
Ao longe, no horizonte, que via nos próximos sete quilômetros o sorriso que sustentaria nos próximos 45 anos.

Curiosamente, não muito longe da casa de sua vó, o carteiro reclamando do mal cheiro e do desleixo de um certo cliente, maluco e nojento. A idade conservara a inquietação e lá foi Joana o que se tinha passado. Não precisou chegar tão próximo e já viu o enxame de moscas ao longe, num quintal apararentemente abandonado.

Joana sorriu e viu o suprimento de sua planta favorita, uma Dionaea Muscipula B52, a saborear suas presas...


No cortejo fúnebre, um punhado de quatro pessoas: um primo distante, dois amigos e um morador de rua que acompanhou só para fazer número. O colecionador de tampas de refrigerante e selos postais deixa o mundo e suas preferências. O casebre dado a prefeitura torna-se um criadouro de plantas e epécies raras de orquídeas, coordenado por Joana Flor, já aos 21, estudante de Biologia.


FIM

_______

O nojo ronda cozinhas imundas e lixos fétidos da displicência, desleixo sobrevoam os zumbidos inquientantes de calor, mal cheiro e mal humor. Aqui, acolá, indesejados, percebidos em vinte dias de vida inútil. Inútil pensar, como o bizarro filme de 1986, onde narra kafkamente a mutação de Seth Brundle. Não! O deplorável ser vira pranto, melancolia, delírios:

O que faz supor sua existência?
Para quê?
Por quê?
Desde quando se precisa?

As plantas carnívoras as desejam, saboreiam, delas crescem, nada se descarta. Não fosse cômico, cada mosca, uma planta; inútil, vago, jocoso; uma planta feita de moscas, feitas de restos, feitas por nós.

Como não se sabe, todo fim é uma planta.
(todos os direitos reservados)


Espero que tenham gostado!


Abraços!


"Quem insiste em julgar os outros, sempre tem algo para esconder."
(Renato Russo)
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WFERnando
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Mensagem por WFERnando »

Que legal!
Adorei a história, muito bem escrita!
Obrigado por compartilhar Marcio, e parabenize seu amigo! hehe


E se existe algum tipo de Deus, você acha que ele está satisfeito?
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